por que não?

Pensem comigo: o açúcar refinado, aquele branquinho, na verdade é marrom antes de chegar nas prateleiras do mercado. Sabe o que acontece no meio desse caminho? O homem, criador da façanha, extrai o açúcar da cana. Esse açúcar, mais conhecido com maskavo, tem um série de nutrientes. Para ser mais exata, em 100 gramas tem exatos 85 miligramas de cálcio, 29 miligramas de magnésio, 22 miligramas de fósforo e 346 miligramas de potássio. Para deixar mais bonitinho, o homem resolve clareá-lo. Para isso, utiliza um agressivo método de refino, no qual todos os nutrientes são reduzidos para menos de 2 mg por 100 gramas. Isso por si só já me convence a querer retardar o máximo possível a introdução do açúcar refinado à alimentação do Davi.

Mas não para por aí. Não existe na natureza nenhum composto isolado e concentrado como o açúcar refinado. A energia química representada pela glicose nos era fornecida em estruturas moleculares mais complexas como os açúcares compostos, encontrados nos cereais, nas frutas, nos tubérculos, nas raízes. O organismo sempre contou com a mastigação para gerar energia através da assimilação desses açúcares. Só que com o refino, tudo isso mudou. O açúcar branco é apresentado ao organismo dissolvido em forma de uma enorme carga de glicose, consequentemente prejudicial ao nosso corpo e a principal causadora da temida diabetes. (me corrijam se eu estiver errada, amigas nutricionistas).

Antes dessa “grande” descoberta, as pessoas estavam acostumadas a apreciar o sabor natural dos alimentos. Depois do refino, essa realidade mudou bastante. Com ela, surgiram doenças como a diabetes, obesidade, deficiência imunológica. As frutas deixaram de ser saborosas perante os biscoitos recheados, os doces, os refrigerantes. Ou alguém duvida que a coca-cola é muito mais gostosa do que um suco de laranja sem açúcar?

Eu me preocupo com isso. Acredito muito que a prevenção é o melhor caminho. Também tenho convicção que uma boa alimentação é fundamental para o bom funcionamento do organismo e na prevenção de doenças. Além disso, é comprovado que os primeiros dois anos de vida são fundamentais para a formação do paladar infantil. Se você mantém seu filho longe de todas as porcarias do mundo até dois anos, as chances de ele ter um paladar mais saudável aumentam.

Também me preocupo com o hábito alimentar da minha família. Sabem porque? Porque até bem pouco tempo eu comia muito mal. Muito mesmo. Legumes só batata e aipim, frutas só banana. Adorava frituras, hamburguer, cachorro quente, doces. Mas quando a gente decide ser mãe, a coisa muda e muito. No meu caso, antes de engravidar ainda descobri um tumor no ovário que apareceu inexplicavelmente. Preferi entender que a doença era o sinal de alerta do meu corpo de que algo de errado estava acontecendo. Buscando as possíveis causas cheguei ao excesso de trabalho e a alimentação pobre em nutrientes. Fiz uma ótima reeducação alimentar baseada na introdução de legumes e verduras variados e na redução drástica do açúcar do meu dia a dia. Há dois anos dei tchau aos refrigerantes, às bebibas com açúcar, ao óleo na cozinha. Os pratos ficaram mais coloridos e besteirinhas só na rua.

Na prática, trocamos o açúcar por maskavo (para café) e demerara para outras coisas. Biscoitos doces não entram mais no armário e nossa geladeira não vê refrigerante há muito tempo. Eu e o Davi só tomamos suco sem açúcar. O Leandro ainda não conseguiu se livrar dos del valles da vida mas concorda em manter o pequeno longe do açúcar. Só não conseguimos nos livrar do chocolate, nosso vício. No entanto, consumo com bastante moderação e falo sempre para o Davi que não é para bebês.

É claro que o Davi vai comer açúcar algumas muitas vezes na vida. Eu não sou ingênua de achar que sou capaz de impedi-lo por muito tempo. Nem quero! Radicalismo é coisa rara de se ver aqui em casa. A minha luta está em ajudá-lo a gostar menos dessa “droga” (posso chamar assim, né?) tão sedutora e destrutiva ao mesmo tempo. Quero mostrá-lo que o açúcar branco faz mal e que por isso deve ser a exceção do final de semana e não fazer parte do hábito alimentar. A minha busca é a alimentação consiente e com limites, baseada sempre na moderação e no equilíbrio.

Se você ainda não se convenceu ou acha que estou exagerando, não deixe de assistir o documentário “Muito Além do Peso”. É o choque de realidade que o mundo precisa para rever os seus conceitos.