Antes de mais nada, estou longe se ser um exemplo de ativismo na causa ecológica. Apesar de considerá-la muito justa, ainda não tenho lixeiras de reciclagem, minha casa tem mais itens do q é realmente necessário, nunca plantei uma árvore. Mas o q quero falar hj é sobre a importância de refletir sobre o papel do consumo na nossa vida e principalmente na dos nossos pequenos. É fato q consumimos mais do q precisamos. Vivemos um bom momento econômico no país, a publicidade é fortíssima e a mídia nos ensina q felicidade e consumo caminham lado a lado. Cada um sabe o q é melhor para sua vida mas eu não quero isso para a minha.
Apesar de adorar consumir, cresci numa família econômica. Meus pais trabalharam muito para a gente estudar numa escola boa e não tiveram a condição financeira q tem hj na minha infância. A educação e o lazer eram as prioridades. Mas tudo bem controlado, com épocas em q o lazer era “prejudicado”. Quase todos os brinquedos eram restritos à aniversário, dia das crianças e Natal. E a gente sabia o quanto eles batalhavam para isso. A família do Leandro, com quatro filhos, ainda tinha mais dificuldades do q a minha.
Hoje vejo o quanto o passado nos ajudou a construir o q temos. Não tivemos heranças materiais (o q os meus pais me deixaram de mais precisoso foi a base para passar no vestibular para uma faculdade federal), não ganhamos carros nem apartamentos. Mas agarramos com força uma oportunidade de ouro q a vida nos ofereceu. A fotografia era a chance de ter uma vida mais confortável, mais segura. Investimos em equipamento, compramos apartamento, carro e temos bens q nossos pais não puderam ter. Davi chegou em meio a uma vida super confortável. E esse é justamente o motivo da minha reflexão.
Acho necessário ensinar ao Davi o q realmente tem valor na vida. Não quero banalizar o consumo. Não é pq temos uma condição financeira confortável q ele vai ter todos os brinquedos das propagandas do Discovery Kids. Preciso ensiná-lo q não é o brinquedo q traz felicidade. Quantas crianças não tem o q brincar e são felizes assim mesmo? Fazer brinquedos reciclados é uma delícia e os pequenos adoram. As ofertas do mundo capitalista são tentadoras, eu sei. Todas a vezes q me deparo com uma prateleira de brinquedos da Fisher Price tenho vontade de comprá-los.
A propaganda de hoje é agressivamente direcionada às crianças, os principais afetados pela publicidade. Me lembro q quando era pequena ficava fascinada com os comerciais de cigarros, ainda liberados na TV. Imaginava q um dia seria uma daquelas mulheres bonitas, bem vestidas e com um cigarro na mão. Se a minha mãe não tivesse falado tanto q cigarro é ruim e se o meu ciclo de amizade fosse mais “adiantadinho” talvez hj fumasse pelo simples fato de admirar o estilo de vida transmitido pela propaganda. A TV sempre esteve cheia de propagandas aparentemente ingênuas e q na verdade transmitem o estilo de vida mais conveniente para o materialismo e o capitalismo industrial.
O q fazer diante disso? Tirar a TV dos pequenos? Não me parece a melhor situação. Continuo confiando q o meu exemplo será sempre a voz da consciência do Davi. Aí q tenho me perguntado: preciso mesmo TER isso? Um filho reforça q a felicidade está além de tudo q temos. E traz com ele a responsabilidade da tentativa de um mundo melhor. Um mundo com menos desastres ambientais, mais respeito ao próximo e a natureza e cheio de AMOR.
No mundo em q vivemos o consumo consciente é uma necessidade. A cada desastre a natureza nos avisa q não está suportando os efeitos do capitalismo avassalador. A minha luta pessoal está em trazer essa realidade para o meu lar. É fácil? Não, muito difícil!!!Mas se não começarmos pelo menos pela reflexão, nada nunca vai mudar.
Logo, em termos práticos, as minhas ações são (ou pretendem ser):
– todas as vezes q penso em comprar roupas, coisas para casa, sapatos e demais bens materiais me pergunto se realmente preciso daquilo. Sempre penso q moramos em um apartamento pequeno e não temos onde guardar. Muitas vezes acabo desistindo da compra;
– por enquanto, estou guardando o enxoval do Davi para o caso de ter outro filho. Carrinho, banheira, bebê conforto, babá eletrônica, mantas, lençóis usados para duas crianças valerão muito mais a pena o investimento. As roupinhas tb estão guardadinhas. Tenho vontade de passar para as minhas amigas e usar se tiver um segundo filho. Mas depois disso, serão todas doadas. Para guardar de recordação, tirei fotos com as minhas preferidas;
– tenho comprado muitas coisas para o Davi em brechós infantis. Como as crianças usam pouco, têm ótima qualidade e preço idem;
– vou fazer uma faxina geral nos armários até o final de ano. Quero destralhar tudo q conseguir. Tirar o máximo de coisas q não são usadas. Faz parte da minha filosofia de vida não manter a energia parada em casa. Se não usamos um objeto, precisamos fazer a energia circular doando-o para outra pessoa q vá usar. Portanto, quartos, cozinha, banheiros e escritório q me esperem. Já faz uns anos q tento fazer isso. Mas como o Davi nasceu no final do ano passado, acabei não fazendo do jeito q deveria;
– também está nos meus objetivos todas as vezes q comprar uma coisa nova doar uma antiga. Doamos o “velho” e abrimos espaço para a entrada do novo;
– quero fazer o mesmo com o Davi. Compramos um brinquedo novo, daremos o velho para outra criança. Apesar de ter vontade de comprar muitos brinquedos para o pequeno, tenho me controlado bastante. Ele tem uma caixa cheia. Vem dia das crianças, natal e aniversário. Vai ganhar vários. Necessidade zero de comprar brinquedos agora.
– desejo ensiná-lo q SER é bem mais nobre do q TER, o sentimento vale mais do q a forma e q menos muitas vezes é mais.
– está nos meus planos: lixeiras de reciclagem, mais brinquedos reciclados, mais passeios ao ar livre, menos shoppings, plantar uma árvore, doar aos q precisam, priorizar o essencial e eliminar o resto. E assim dar a minha contribuição pessoal para um mundo mais feliz, mais harmônico.