A chupeta esteve nos meus planos muito antes do Davi nascer. Tinha convicção de que ela faria diferença nos momentos de angústia do meu cotoco. Queria inclusive que ele tivesse de várias cores para combinar com as roupas ( a louca!). Mas, como a maternidade vem para nos mostrar de vez que nós nem sempre estamos no controle, Davi não quis saber da bendita. Para dizer a verdade, ele chupou um pouquinho quando chegou do hospital mas conforme ia mamando mais, menos interesse tinha. Tentamos por algumas semanas e acabamos desistindo.
Mas, todas as vezes que meu esgotamento dava sinal de vida, pulava uma pulguinha atrás da orelha dizendo se não valeria a pena tentar de novo. Algumas vezes desistia logo, outras tentava e ele nem tchum. Até que começamos a fazer o desmame noturno, aos sete meses. Tiramos o peito da madrugada e o de depois do almoço. Substituímos por mamadeira e um belo dia percebi que o Davi ao invés de beber o leite estava só sugando o bico. Plim, plim (piscou uma luzinha em cima da cabeça)! Fui eu pegar a chupeta que tinha comprado no mês anterior (no auge do desespero eu comprei uma chupeta +6 meses). Coloquei na boca do Davi com o coração acelerado. Mais da metade de mim não queria que ele pegasse a bendita. Mas o pouquinho que me restava de esperança por momentos menos angustiantes me obrigava a tentar. Tcham tcham tcham! O danadinho pegou de primeira e eu quase caí dura no sofá. Como pode uma criança que rejeitou meses e meses a chupeta, colocá-la na boca como se tivesse saído de mim com uma? Eu, hein!
Mas quem disse que eu ia deixar? Fizemos uma reunião, discutimos os prós e os contras e decidimos não dar a chupeta. Ele já estava com sete meses, em pouco tempo íamos passar um sufoco para tirá-la. Além disso, estávamos caminhando para o desmame definitivo e tínhamos grande chance de confundir tudo. NÃO! Não nos renderíamos!
Dois meses passaram, o Davi já não mamava mais no peito, dormia super bem e acordava uma vez de noite. Estávamos dando 3 mamadeiras: uma de noite, uma de madrugada e uma depois do almoço. Sem essa ele não dormia à tarde. Isso já me incomodava porque acabava sendo bem próximo da hora do almoço. Passava o dia bem humorado até chegar o final da tarde, início da noite. Nessa hora batia uma angústia nele, uma necessidade de algo a mais. Mamadeira nem pensar! O pediatra tinha liberado de 2 a 3 e ele já usava as três chances. Tentamos de muitas formas e nada resolveu. Até que um belo dia, ele estava caindo de sono, chorando muito, eu tentei fazê-lo dormir, minha mãe tentou e nada funcionou. Num ímpeto revolucionário, peguei a chupeta e coloquei na boca do bichinho. Ele desmaiou na mesma hora. Foi instantâneo: colocamos a chupeta e ele dormiu como que dizendo que era aquilo que estava faltando.
Desde então, nos rendemos. Mas assumimos um compromisso familiar de só ceder em momentos ligados ao sono. Acordou, bye bye chupeta. E tá funcionando bem! Substituimos a mamadeira de depois do almoço e é nessa hora que usamos mais. De noite tem vezes que ele dorme com e tem vezes que dorme sem. Dificilmente passa a madrugada chupando e não acorda porque caiu. De manhã, o seu melhor horário ever, ele não chupa nunca, nem para o cochilinho matinal.
E a chupeta realmente conforta a criança. Já aconteceu de sairmos para comer uma pizza com amigos e conseguirmos ficar até um pouquinho mais tarde porque o Davi conseguiu dormir com a ajuda da chupeta.
Se eu disser que estou feliz porque agora usamos chupeta estarei mentindo. Não era o que eu queria nesse momento. Mas estava difícil lidar com esses momentos de maior angústia. Era nítido que o Davi sentia falta de alguma coisa para sugar. E eu estava receosa de ficar dando muita mamadeira a ele. Por mais que a minha razão pedisse para não dar porque depois teríamos o trabalho de tirar, a minha intuição pedia para tentar.
Estamos tentando. Por enquanto, estou satisfeita com os limites impostos às situações e horários. Mas ele tem apenas dez meses e talvez ainda não tenha consciência do que esteja acontecendo. Com o passar do tempo, a dependência tende a evoluir. Pretendo estar sempre atenta para se amanhã achar que não vale mais, jogar a chupeta fora.
Dúvidas que não querem calar: até quando ele vai chupar? vamos ser fortes o suficiente para tirar? ele vai ter crises de abstinência? vou me arrepender MUITO depois? Aguardem as cenas do próximo capítulo!